02 de janeiro de 2014

Especialistas negam que a dragagem do “Saco da Fazenda” possa impactar no surgimento de microorganismos na praia de Balneário Camboriú

Especialistas negam que a dragagem do “Saco da Fazenda” possa impactar no surgimento de microorganismos na praia de Balneário Camboriú

A Superintendência do Porto de Itajaí desmente a afirmação de que os serviços de dragagem do Saco da Fazenda possam estar impactando no surgimento de microorganismos na praia de Balneário Camboriú, conforme divulgou a Assessoria de Comunicação da Empresa de Água e Saneamento (Emasa). O oceanógrafo e professor Fernando Diehl, considerado uma das maiores autoridades no assunto – inclusive com trabalhos sobre o tema publicados no Brasil e exterior – descarta qualquer possibilidade de que o surgimento dos “briozoários” na Praia Central de Balneário Camboriú, estar ligado ao bota-fora utilizado para a dragagem, que vem sendo realizada pelo Porto de Itajaí. Para o especialista, a afirmação é totalmente infundada.
Na realidade, segundo Fernando Diehl, o surgimento (arribamento) dos briozoários das espécies Membraniporopsis tubigera e Arbocuspis bellula (=Electra bellula) teve inicio entre os anos de 2004/2005, após a conclusão das obras de dragagem de aprofundamento da região da desembocadura do rio Camboriú, cujo material foi despejado na Barra Sul de Balneário, com o objetivo de engordamento. Diehl destaca ainda que vários estudos já foram desenvolvidos sobre este evento natural, por vários pesquisadores, e não conseguiram definir as razões que justifiquem o surgimento destes organismos, que vem trazendo grandes transtornos à administração de Balneário Camboriú fazem vários anos, assim como também, aos veranistas.
Na realidade, afirma Diehl, tais eventos de arribamento destas duas espécies já vem sendo monitorados por vários especialistas desde o ano de 2005, sendo que o primeiro trabalho publicado sobre este evento data do ano de 2006, com Diehl e colaboradores, que fizeram a primeira comunicação no Congresso Internacional de Ciências do Mar - MarCuba'2006, na cidade de Havana, em Cuba.
Logo depois, em 2007, segundo o pesquisador, na décima segunda edição do Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar - Colacmar, realizado na cidade de Florianópolis, Diehl juntamente com a especialista Lais Vieira Carvalho, publicaram o trabalho que reconhece oficialmente a espécie então ocorrente em Balneário Camboriú no trabalho “PRIMEIRO REGISTRO DO BRIOZOÁRIO Membraniporopsis tubigera (OSBURN, 1940) (CHEILOSTOMATIDA) EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SANTA CATARINA, BRASIL”.
Já o diretor técnico do Porto de Itajaí, engenheiro André Pimentel, explica que as áreas de despejo atualmente adotadas para deposição de material oriundos de dragagem do Porto de Itajaí foram licenciadas pelo Órgão Ambiental FATMA e Marinha do Brasil. “Localizam-se em frente a praia de Navegantes e Praia Brava, portanto, distantes da praia de Balneário Camboriú, o que descarta qualquer ,ligação com o fato mencionado pela Emasa”.
Segundo Pimentel, se faz necessário ainda afirmar que, “quanto a distância inadequada, temos a relatar que ocorre justamente o contrário: é um princípio básico dos processos hidrodinâmicos observados na região. Os estudos de modelagens numéricas realizados, que tiveram o objetivo de caracterizar as correntes marinhas da região assim como o transporte dos sedimentos despejados, e que antecederam as obras de dragagem, mostraram que a tendência de circulação nesta região é de que o material despejado que não é precipitado para fundo, pela força da gravidade, tende a transportar o material em suspensão para nordeste, não atingindo o litoral. São dirigidas em direção de off shore (mar aberto).”
O diretor Técnico ainda afirma que são realizados constantes estudos de monitoramento do material dragado e levantamento batimétrico nas áreas de despejo, cujos resultados descartam qualquer possibilidade”, diz Pimentel.
 

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