08 de junho de 2009

Autoridade Portuária de Itajaí busca adequar o complexo às tendências da navegação

Resolver os problemas emergenciais com o restabelecimento do calado e a reconstrução dos berços de atracação destruídos pelas enchentes, sem se descuidar do futuro. Essa é a estratégia adotada pelo Porto de Itajaí. Ao mesmo tempo em que busca devolver ao canal de acesso a profundidade de 11 metros [por meio de parceria com as empresas Terminal de Contêineres do Vale do Itajaí (Teconvi) e Portonave Terminais Portuários Navegantes S.A. para a contração da complementação dos serviços de dragagem de 300 mil metros cúbicos de sedimentos], a Autoridade Portuária finaliza projeto para nova dragagem e inicia estudos para dotar o complexo de condições para operar navios com mais de 300 metros de comprimento. A necessidade de buscar alternativas para o Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu foi discutido na reunião ordinária de junho do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) [realizada na manhã desta sexta-feira, 05, no auditório do Porto de Itajaí], após abordagem do diretor comercial Robert Grantham [sobre as tendências futuras da navegação no Brasil e visão dos armadores sobre o futuro do Porto de Itajaí] e explanação do vice-presidente do Grupo CSAV para a costa leste da América do Sul e África, David Giacomini. “O aumento nos tamanhos dos navios é uma constante no segmento de navegação e é fundamental que estejamos preparados para essa realidade, pois, se não dotarmos nosso porto das condições operacionais adequadas, seremos excluídos do mercado”, diz Grantham. Informação que é confirmada por Giacomini. Segundo o executivo da CSAV, hoje já navegam pelo planeta navios com capacidade para até 12 mil TEUs [Twenty-foot Equivalent Unit – unidade internacional equivalente a um contêiner de 20 pés] e a tendência é que até o ano que vem os portos brasileiros já estejam recebendo navios com capacidade para até 7 mil TEUs. “São cargueiros medindo cerca de 300 metros e muitos portos da região já tem condições de operar essas embarcações”, informa Giacomini. Ele diz que os portos de Itajaí e Navegantes são muito importantes comercial e logisticamente para a empresa, que a partir do próximo ano já contará com navios de maior porte. “E é muito importante que o complexo portuário esteja dotado da infraestrutura necessária para receber nossos novos navios, pois não queremos, em hipótese alguma, encerrar essa parceria”, acrescenta. Além da CSAV, outros armadores estão incluindo navios de maior porte nas rotas pela costa brasileira. A Hapag-Lloyd diz que em curto prazo estará operando com navios de 300 metros e capacidade para 5 mil TEUs nos portos brasileiros e o armador MSC informa que já opera navios com capacidade para 5,8 mil TEUs em Santa Catarina, inclusive em Navegantes. “A empresa se prepara para iniciar em breve as operações com navios para 7 mil TEUs, 310 metros de comprimento e boca de 40 a 45 metros, embora ainda não estejamos com nenhum navio com estas configurações nomeado para esse trade”, afirma Cesar Centroni, gerente geral do MSC. A empresa armadora Maersk informa que já opera na América do Sul com navio de 299,9 metros de comprimento e capacidade para 7,4 mil TEUs, que deve iniciar operações no Brasil até o final do ano que vem. Além deste, informa Tiddo Winkel Buiter, da APM Terminals, a empresa já encomendou mais 17 navios com essas configurações. Já o armador Hamburg Süd informa que inicia operações com navios de 300,9 metros e boca de 43 metros no segundo semestre de 2010. Alternativas – A implementação de uma segunda bacia de evolução no Complexo Portuário, com diâmetro de cerca de 450 metros, é vista como alternativa para navios com essas configurações possam fazer suas manobras nos portos de Itajaí e Navegantes. Entretanto, estudos preliminares apontam que os serviços de dragagem necessários para uma segunda bacia de evolução devam ter um custo bastante elevado. “Outras alternativas também poderão surgir com a realização de estudos por empresas especializadas e simulações de manobras. Entre elas, o alargamento da atual bacia de evolução”, explica o superintendente do Porto de Itajaí, Antônio Ayres dos Santos Júnior. Preocupados com a possibilidade dos portos de Itajaí e Navegantes perderem escalas devido a limitações físicas, os conselheiros do CAP de Itajaí sugerem a realização de um amplo seminário para se discutir as possíveis alternativas, a captação de recursos e o início de um trabalho de sensibilização da sociedade com relação às atuais condições do complexo portuário e das necessidades futuras. Dragagem – O CAP também foi comunicado de que as diretorias do Porto de Itajaí, Teconvi e Portonave estão em fase final das negociações com as empresas que realizarão a complementação dos serviços de dragagem do canal externo. O custo está estimado em cerca de R$ 4 milhões e será pago pelo Teconvi e Portonave. O Porto de Itajaí também encaminhou à Secretaria Especial de Porto um projeto de dragagem de aprofundamento do canal interno e bacia de evolução do complexo para 12 metros e canal externo para 12,5 metros. Os recursos para esses trabalhos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já estão praticamente garantidos para Itajaí.

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